segunda-feira, 20 de maio de 2013

José - Bela Figura de Cristo

(Comentário Gênesis 37)

Não há nas Escrituras Sagradas um símbolo mais perfeito e belo de Cristo do que José. Quer encaremos Cristo como o objeto do amor do Pai ou da inveja dos "seus"— na Sua humilhação, sofrimentos, morte, exaltação e glória —, vemo-Lo maravilhosamente simbolizado em José.



José É Odiado por Seus Irmãos

No capítulo 37 temos os sonhos de José, cujo relato desperta a inimizade de seus irmãos. Ele era o objeto do amor de seu pai, e assunto de altos destinos, e, visto que os corações de seus irmãos não estavam em comunhão com estas coisas, eles odiaram-no. Não tinham parte no amor do pai, e não queriam aceder ao pensamento de exaltação de José. Em tudo isto, eles são uma figura dos Judeus nos dias de Cristo. "Veio para o que era seu, e os seus não o receberam" (Jo 1:11). Ele "não tinha parecer nem formosura" a seus olhos (Is 53:2). Não o reconheceram como o Filho de Deus nem como Rei de Israel. Os seus olhos não estavam abertos para verem "a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade" (Jo 1:14). Não o queriam, e, pelo contrário, odiaram-No.

Cristo — Antítipo de José

Aconteceu assim com o grande Antítipo de José. Ele deu testemunho da verdade — fez boa confissão —, nada ocultou; só podia dizer a verdade porque Ele era a verdade, e o Seu testemunho da verdade teve a resposta, por parte do homem, por meio da cruz, o vinagre, e a espada do soldado que feriu o Seu lado. O testemunho de Cristo foi também acompanhado da graça mais profunda, plena e rica. Ele não veio apenas como a "verdade", mas também como a perfeita expressão de todo o amor do coração do Pai: "a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo" (Jo 1:17). Ele foi a plena manifestação aos homens do que Deus era. Por isso o homem foi deixado inteiramente sem desculpa. Ele veio e mostrou Deus aos homens, e os homens odiaram a Deus completamente. A manifestação do amor divino produziu ódio cruel. É isto que vemos na cruz; e temo-lo prefigurado duma maneira tocante na cova onde José foi lançado por seus irmãos.

"E viram-no de longe, e, antes que chegasse a eles, conspiraram contra ele, para o matarem. E disseram uns aos outros: Eis, lá vem o sonhador-mor! Vinde, pois, agora, e mantemo-lo, e lancemo-lo numa destas covas, e diremos: Uma besta-fera o comeu; e veremos que será dos seus sonhos."

Estas palavras fazem-nos lembrar a parábola de Mateus 21: "E, por último, enviou-lhes seu filho, dizendo: Terão respeito a meu filho. Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e apoderemo-nos da sua herança. E, lançando mão dele, o arrastaram para fora da vinha e o mataram" (versículos 37 a 39). Deus enviou o Seu Filho ao mundo com este pensamento: "Terão respeito a meu filho"; mas, ah! o coração do homem não tinha temor pelo "bem amado" do Pai! Lançaram-No fora. A terra e o céu estavam em discórdia a respeito de Cristo; e ainda o estão.O homem crucificou-O, mas Deus ressuscitou-O dos mortos. O homem pô-lo na cruz entre dois malfeitores; Deus colocou-O à Sua destra nas alturas. O homem deu-Lhe o lugar mais baixo na terra; Deus deu-Lhe o lugar mais elevado nos céus, em majestade sem igual.

José — um Ramo Frutífero

Tudo isto é prefigurado na história de José. Leia Gênesis 49:22-26. Estes versículos mostram-nos "os sofrimentos de Cristo e a glória que se lhes havia de seguir" (1 Pe 1:11). "Os flecheiros" fizeram o seu trabalho; mas Deus era mais poderoso do que eles. O verdadeiro José foi flechado e gravemente ferido na casa de seus amigos; porém, "os braços de suas mãos foram fortalecidos" no poder da ressurreição, e a fé conhece-O agora como o fundamento de todos os propósitos de Deus de bênção e glória a respeito da Igreja, Israel e toda a criação. Quando pensamos em José na cova, e na prisão, e mais tarde como governador de toda a terra do Egito, vemos a diferença que existe entre os pensamentos de Deus e os pensamentos dos homens; e assim quando olhamos para a cruz e para o trono da Majestade nos céus, vemos a mesma coisa.

Nunca houve nada que revelasse o verdadeiro estado do coração do "Se eu não viera, nem lhes houvera falado, não teriam pecado" (Jo 15:22). Não é que eles não fossem pecadores. Não, mas "não teriam pecado". Do mesmo modo, Ele diz noutro lugar: "Se fôsseis cegos não teríeis pecado" (Jo 9:41). Deus aproximou-Se do homem na Pessoa de Seu Filho, e o homem pôde dizer: "este é o herdeiro", e todavia disse: "Vinde, matemo-Lo". Por isso, "mas agora não têm desculpa do seu pecado". Aqueles que dizem ver, não têm desculpa. A cegueira professa não é a dificuldade, mas sim a profissão de vista. É um princípio solene para uma época de crença professa, como esta. A continuidade do pecado está ligada com a profissão de ver. Um homem que é cego, e sabe que o é, pode esperar que os seus olhos sejam abertos, mas que poderá fazer-se por aquele que pensa ver, quando realmente não vê?
homem para com Deus como a vinda de Cristo.

C. H. Mackintosh. Fonte: http://www.scribd.com/doc/105168410/Notas-Sobre-o-Pentateuco-Genesis-C-H-Mackintosh

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagens populares