quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Rebeca, Figura da Igreja

(Comentário Gênesis 24 - Parte 1)


A ligação deste capítulo com os dois que o precedem é digna de nota. No capítulo 22 Isaque é oferecido; no capítulo 23 Sara é posta de lado; e no capítulo 24 o servo é enviado em procura de uma noiva para aquele que foi, com efeito, em figura, recobrado dos mortos. Esta ligação coincide de uma maneira notável com a ordem dos acontecimentos referentes à chamada da Igreja. Quando nos voltamos para o Novo Testamento os grandes acontecimentos que chamam a nossa atenção são, em primeiro lugar, a rejeição e morte de Cristo; em segundo lugar, Israel é posto de parte; e, por último, dá-se a chamada da Igreja para ocupar a elevada posição de noiva do Cordeiro. Ora tudo isto corresponde exatamente com este e os dois capítulos precedentes.

Para a boa compreensão de todo o capítulo, devemos considerar os seguintes pontos: 1. — o pacto,-  2.  — o testemunho; 3. — os resultados. É encantador notarmos como a chamada e exaltação de Rebeca foram fundadas sobre o pacto entre Abraão e o seu servo. Ela não sabia nada a esse respeito, embora fosse, nos desígnios de Deus, o objetivo de tudo isso. Assim é com a Igreja de Deus como um todo, e cada parte constituinte: "... no teu livro  todas estas coisas foram escritas, as quais iam sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia" (Sl 139:16). "Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo, como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor" (Ef 1:3,4). "Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito de entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou, e aos que justificou, a esses também glorificou" (Rm 8:29-30).

Estas passagens estão todas de harmonia com o assunto que passamos imediatamente a considerar. A chamada, a justificação, e a glória da Igreja são fundadas no propósito eterno de Deus — a Sua Palavra e juramento retificados pela morte, ressurreição e exaltação de Seu Filho. Muito antes, antes do raiar do tempo, nos profundos recessos da mente eterna de Deus, acha-se este maravilhoso propósito a respeito da Igreja, o qual não pode, de nenhum modo, ser separado do pensamento divino quanto à glória do Filho. O juramento entre Abraão e o servo tinha como seu objetivo a  procura de uma noiva para o filho. Foi o desejo do pai acerca do filho que levou a toda a dignidade posterior de Rebeca.

E agradável vermos isto. Agradável ver como a segurança e bênção da Igreja estão inseparavelmente ligadas com Cristo e a Sua glória: "Porque o varão não provém da mulher, mas a mulher, do varão. Porque também o varão não foi criado por causa da mulher, mas a mulher, por causa do varão" (1 Co 11:8-9). O mesmo acontece com a parábola da ceia: "O reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho" (Mt 22:2). O FILHO é o grande objeto de todos os desígnios de Deus: e se alguém é trazido para a bênção, ou glória, ou dignidade, só o pode ser por ligação com Ele. O direito a estas coisas, e até mesmo à própria vida, foi perdido pelo pecado; porém Cristo cumpriu a pena do pecado; Ele responsabilizou-Se por tudo a favor da Igreja: foi pregado na cruz como seu substituto, levou os seus pecados no Seu corpo sobre a cruz, e baixou à sepultura sob o peso deles. Por isso nada pode ser mais completo do que a libertação da Igreja de tudo que era contra ela. Ela é vivificada da sepultura de Cristo, onde todos os seus pecados foram deixados. A vida que ela tem é uma vida tomada do outro lado da morte, depois de todas as exigências possíveis terem sido satisfeitas. Por isso, esta vida é ligada e fundada sobre a justiça divina, tanto mais que o direito de Cristo à vida é baseado sobre o fato de ter esgotado inteiramente o poder da morte; e Ele é a vida da Igreja. Desta maneira a Igreja goza de vida divina; ela encontra-se em justiça divina; e a esperança que a anima é a esperança de justiça (vede, entre outras, as passagens seguintes, Jo 3:16,36; 5:39,40; 6:27,40,47,68; 11:25;17:2; Rm 5:21;6:23; 1 Tm 1:16; 1 Jo 2:25; 5:20; Judas 21; Ef 2:1 a 6,14,15; Cl 1:12-22;2:10-15; Rm l:17;3:21-26;4:5,23-25; 2 Co 5:21; Gl 5:5).

(Continua...)

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