segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O Testemunho do Espírito Santo e Seus Resultados

(Comentário Gênesis 24 - Parte 3)

É especialmente instrutivo encontrar neste capítulo 24 de Gênesis uma tão notável e encantadora figura da missão e do testemunho especial do Espírito Santo. O servo de Abraão, buscando uma noiva para Isaque, mostra toda a dignidade e riqueza com que o pai o havia dotado; o amor de que ele era alvo; e, em suma, tudo que era calculado para enternecer o coração e afastá-lo das coisas temporais. Ele mostrou a Rebeca um objetivo à distância, e pôs diante dela a bem-aventurança de ser tornada em um com aquele ente amado e altamente favorecido. Tudo que pertencia a Isaque viria a pertencer também a Rebeca, quando ela se tornasse parte dele. Este foi o seu testemunho. Este é, também, o testemunho do Espírito Santo. Ele fala de Cristo, da glória de Cristo, da beleza de Cristo, da plenitude de Cristo, da graça de Cristo, das "riquezas incompreensíveis de Cristo", da dignidade da Sua Pessoa e da perfeição da Sua obra.

O ensino mais espiritual será sempre caracterizado por completa e constante apresentação de Cristo: Ele será sempre o motivo de tal ensino. O Espírito não pode fixar a atenção em coisa alguma senão Jesus. Deleita-Se em falar d'Ele. Compraz-Se em mostrar os Seus atrativos e as Suas perfeições. Por isso, quando alguém fala do poder do Espírito de Deus haverá sempre mais de Cristo do que qualquer outra coisa no seu ministério. Numa tal pregação haverá pouco lugar para a lógica e a razão. Estas coisas podem ser muito boas quando alguém deseja mostrar-se, porém o único objetivo do Espírito  —  notem bem todos os que exercem o ministério — será sempre o de revelar Cristo.

Pensemos, agora, por último, nos resultados de tudo isto. Uma coisa é falar das glórias da Igreja, e outra inteiramente diferente ser-se praticamente influenciado por essas glórias. No caso de Rebeca o efeito foi notável e decisivo. O testemunho do servo de Abraão ecoou aos seus ouvidos e penetrou fundo no seu coração e desligou inteiramente as afeições de seu coração das coisas que a rodeavam. Estava pronta a deixar tudo a fim de conhecer tudo que  lhe havia sido contado. Era normalmente impossível que ela pudesse ser o alvo de um tão elevado destino e continuasse todavia no meio das circunstâncias da natureza. Se aquilo que lhe era dito quanto ao futuro era verdadeiro, prender-se com o presente seria a pior de todas as loucuras. Se a esperança de ser a esposa de Isaque, co-herdeira com ele de toda a sua dignidade e glória, era uma realidade, continuar a apascentar as ovelhas de Labão equivaleria a desprezar tudo quanto Deus, em graça, havia posto diante de si.

Mas não, as perspectivas eram brilhantes demais para serem desprezadas. Verdade é que ela não havia ainda visto Isaque, nem a herança, mas acreditou no testemunho dado a seu respeito, e recebeu, com efeito, o penhor desse testemunho; e estas duas coisas eram suficientes para o seu coração; e por isso ela levantou-se sem hesitação e mostrou o seu desembaraço em partir na sua decisão memorável: “Eu irei”. Ela estava inteiramente pronta a fazer uma jornada desconhecida na companhia de um que lhe havia falado de um objetivo distante e de glória ligada com ele, à qual ela estava prestes a ser elevada. Exemplificação bela e tocante esta da Igreja sob a condução do Espírito Santo de viagem para ir ao encontro do Noivo celestial. Isto é o que a Igreja deveria ser; mas, infelizmente, existe nisto fracasso triste.

E é isto precisamente que nós necessitamos, este ministério do Espírito de Deus, mostrando Cristo às nossas almas, produzindo em nós desejo ardente de O ver como Ele é, e sermos semelhantes a Ele para sempre. Nada senão isto jamais desligará os nossos corações da terra e da natureza. O quê, a não ser a esperança de se ligar a Isaque, poderia ter levado Rebeca a dizer "irei", quando o seu irmão e sua mãe disseram "fique a donzela conosco alguns dias, ou pelo menos dez dias?" Assim é conosco: nada, senão a esperança de vermos Jesus como Ele é, e de sermos semelhante a Ele, nos poderá habilitar ou levar a purificarmo-nos a nós próprios, assim como Ele é puro (1 Jo 3:3).

C. H. Mackintosh. Fonte: http://www.scribd.com/doc/105168410/Notas-Sobre-o-Pentateuco-Genesis-C-H-Mackintosh

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